terça-feira, 16 de junho de 2015

JESUS, UMA MOSTARDA INCONVENIENTE


O ser humano tem em si um espírito que o anima, que o mantém vivo, mesmo que por um tempo limitado. Semelhantemente, a Igreja tem o Espírito Santo; o eterno e misterioso sopro de vida que nos faz crer na infinitude desse corpo místico.

Somos como sementinhas de mostarda. Já viu uma? Elas são tão pequeninas que beiram a insignificância. Mas uma vez plantadas, e germinadas, crescem e se espalham demasiadamente. Quanto mais se arrancam os ramos, mais sementes caem na terra, mais ramos florescem. Jesus, o Filho do Homem, era uma sementinha de mostarda. Um filho de carpinteiro, pobre, de um povo subjugado pelo poder dos romanos, pois é, uma pessoa sozinha, nesse mundão de meu Deus, que começou a falar coisas um tanto quanto estranhas... um Reino sem rei; o amor além da economia e das instituições, um amor de si que transbordaria o indivíduo, alcançando o próximo. Que mostarda inconveniente! De modo sorrateiro, começou a tomar toda aquela horta. Que fazer diante disso? “Arrancá-la!” – pensaram os grandes latifundiários, “donos” daquela terra. E foi o que fizeram, sem demora. Arrancaram aquele primeiro ramo, certos de que os outros morreriam. Mas não, fortaleceram-se, e, de repente, havia mais. Arrancaram, arrancaram, arrancaram, e quanto mais o faziam mais tinham o que arrancar.

Mudaram de tática. Semearam em meio à mostarda outras plantas como o poder e o dinheiro, que cresceram, e muito, no entanto, nunca mataram as mostardas. Hoje toda a plantação se chama cristianismo. Às vezes é difícil distinguir o que é mostarda do que são outras hortaliças. E não deve ser nossa preocupação fazer esse tipo de julgamento. Trabalhemos e vivamos com fé e paciência, pois com o tempo o que é ético se contrasta por si só do que é antiético. Se não temos sido uma incômoda mostarda, oremos para que Nosso Materno Deus nos direcione segundo a sua vontade, para amar ao próximo. E se somos mostarda, louvemos ao Senhor que nos deu esse dom e inspirou-nos a desenvolvê-lo! A inconveniência que vai contra a ordem opressora, é dom de Deus. Estejamos prontos a sermos arrancados da terra na fé de que nossas sementes hão de se espalhar ininterruptamente, até que alcancemos um mundo onde a diversidade vinda dos céus seja celebrada entre nós como o é no restante da criação. Vivamos em harmonia, no poder do Espírito Santo. Aleluia!

Breno Ricardo
Juiz de Fora, 15 de junho de 2015