segunda-feira, 25 de maio de 2015

Reflexão





O COMPROMISSO HUMANO DE MUDAR O MUNDO


Ser homem é uma vantagem social; ser branco é uma vantagem social; ser cristão, no ocidente, é uma vantagem social; e ser heterossexual também o é.

No domingo passado, dia 17, celebramos a Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Representa-se tal ascensão apagando o círio, pois a partir de então é delegada a todos a responsabilidade de construir o Reino, ou seja, um mundo melhor, com autêntica justiça. Mais do que nunca a luz do mundo somos todos nós. Provavelmente, você leu esse “todos” como “anglicanos” ou se muito, como “cristãos”, mas quero deixar claro que “todos” aqui são “todos”, independente de cor, cultura, orientação sexual, gênero, religião – e não religião. O principal chamado de Jesus, que é universal, não é para fortalecer instituição religiosa ou recitar o credo, na verdade, seguir Jesus é fazer o que ele fazia, que era acolher os oprimidos e torná-los participantes de uma vida na terra, que garanta a liberdade para todos e todas serem quem realmente são.

Infelizmente a Bíblia foi e é muitas vezes utilizada para justificar diversos tipos de opressões. Alguns casos, como o da escravidão, graças à Divina Providência e a ação positiva de pessoas que foram além da preguiça, do senso comum, do mais-do-mesmo, e resolveram repensar essas interpretações, foi ideologicamente superado (pois, na prática, a luta continua: a escravidão não está extinta).

Coincidentemente, nesse domingo, celebrou-se o dia internacional contra a homofobia. Em nossa homilia conversamos sobre a relação entre esse dia de luta e o que aprendemos por meio das atitudes de Cristo, que é acolher a todos e lutar pelo fim das opressões. Refletimos sobre alguns textos bíblicos com o intuito de esclarecê-los, considerando suas possíveis traduções e os contextos históricos nos quais foram escritos. Percebemos que na verdade eles não se referiam a uma condenação dos LGBT, mas devido a infelizes traduções e interpretações moralistas, pautadas principalmente no machismo, acabaram tomando esse teor excludente. Como eu disse no início é uma vantagem social ser homem heterossexual e os setores dominantes da sociedade deixam implícito em seu discurso que consideram um absurdo uma pessoa ter nascido com o privilégio de ser homem e renegá-lo.

O chamado de Deus à participação em sua obra de transformação do mundo, reitero, é para ateus, cristãos, muçulmanos, animistas, comunistas, gays, travestis, lésbicas, negros, brancos, enfim, todos e todas MESMO. E nossa comunidade está comprometida com essa causa. Vamos lutar até o fim por um mundo sem vantagens sociais, verdadeiramente livre de opressões, justo e pacífico.

Juiz de Fora, 24 de maio de 2015

Breno Ricardo

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