O COMPROMISSO HUMANO
DE MUDAR O MUNDO
Ser homem é uma vantagem social; ser branco é uma vantagem
social; ser cristão, no ocidente, é uma vantagem social; e ser heterossexual
também o é.
No domingo passado, dia 17, celebramos a Ascensão de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Representa-se tal ascensão apagando o círio, pois a partir
de então é delegada a todos a responsabilidade de construir o Reino, ou seja,
um mundo melhor, com autêntica justiça. Mais do que nunca a luz do mundo somos
todos nós. Provavelmente, você leu esse “todos” como “anglicanos” ou se muito,
como “cristãos”, mas quero deixar claro que “todos” aqui são “todos”,
independente de cor, cultura, orientação sexual, gênero, religião – e não
religião. O principal chamado de Jesus, que é universal, não é para fortalecer
instituição religiosa ou recitar o credo, na verdade, seguir Jesus é fazer o
que ele fazia, que era acolher os oprimidos e torná-los participantes de uma
vida na terra, que garanta a liberdade para todos e todas serem quem realmente
são.
Infelizmente a Bíblia foi e é muitas vezes utilizada para
justificar diversos tipos de opressões. Alguns casos, como o da escravidão,
graças à Divina Providência e a ação positiva de pessoas que foram além da
preguiça, do senso comum, do mais-do-mesmo, e resolveram repensar essas
interpretações, foi ideologicamente superado (pois, na prática, a luta
continua: a escravidão não está extinta).
Coincidentemente, nesse domingo, celebrou-se o dia
internacional contra a homofobia. Em nossa homilia conversamos sobre a relação
entre esse dia de luta e o que aprendemos por meio das atitudes de Cristo, que
é acolher a todos e lutar pelo fim das opressões. Refletimos sobre alguns
textos bíblicos com o intuito de esclarecê-los, considerando suas possíveis
traduções e os contextos históricos nos quais foram escritos. Percebemos que na
verdade eles não se referiam a uma condenação dos LGBT, mas devido a infelizes
traduções e interpretações moralistas, pautadas principalmente no machismo,
acabaram tomando esse teor excludente. Como eu disse no início é uma vantagem
social ser homem heterossexual e os setores dominantes da sociedade deixam
implícito em seu discurso que consideram um absurdo uma pessoa ter nascido com
o privilégio de ser homem e renegá-lo.
O chamado de Deus à participação em sua obra de
transformação do mundo, reitero, é para ateus, cristãos, muçulmanos, animistas,
comunistas, gays, travestis, lésbicas, negros, brancos, enfim, todos e todas
MESMO. E nossa comunidade está comprometida com essa causa. Vamos lutar até o
fim por um mundo sem vantagens sociais, verdadeiramente livre de opressões,
justo e pacífico.
Juiz de Fora, 24 de
maio de 2015
Breno Ricardo
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