terça-feira, 28 de abril de 2015

SEJAMOS CORAJOSOS E FORTES



Pensando sobre o pastoreio de Cristo e a sua relação com as nossas realidades políticas e, principalmente, sociais, entendi que cristianismo não é levantar as mãos e bater palmas, cantar, ajoelhar, rezar e tomar eucaristia. Essas coisas são importantes, mas não mais que a ação humanitária, ou seja, o amor ao próximo. Amor prático que implica conhecimento, respeito, responsabilidade e cuidado. Os ritos religiosos são úteis como fortalecimento espiritual (Sejamos corajosos e fortes... no poder do Espírito Santo), mas não como um fim em si mesmos. Não adianta frequentar celebrações, ouvir sermões e sair comentando com a vizinha como “tudo foi uma benção”.

Nós somos chamados para uma tarefa muito maior; precisamos defender os mais frágeis e isso, verdadeiramente, é morte. Desde a morte de nossos próprios interesses até uma possível morte física. Pode parecer muito trágico e assustador, mas poucos dos que amaram com esse amor prático, sobreviveram. O Homem a quem seguimos e imitamos, morreu; os santos que são exemplos da prática cristã, também. Não é necessário que nos martirizemos, pois aqueles que, em prol dos próprios interesses, passam por cima dos outros, exploram sem piedade, esses nos hão de martirizar se os ameaçarmos. Ir à celebração aos domingos não ameaça ninguém, mas usar dos significados dos ritos e do convívio e partilha em comunidade a fim de fortalecer o espírito e as estratégias de combate às explorações e exclusões sociais, isso é arriscado, pois realmente incomoda.

O nosso Congresso está empenhando forças em aumentar as desigualdades sociais; está ressuscitando leis que, em favor do povo, há muito deixaram de ser discutidas. É preciso refletirmos humanamente sobre isso; se o fizermos certamente nos posicionaremos contrários a projetos como redução da maioridade penal, terceirização do trabalho e alterações no conceito de “escravidão”.  Eu venho convidá-los, leitores, a fazerem o mesmo, mas não só em suas mentes, no conforto de suas casas. Pela ética de Jesus, que podemos perceber ao longo dos Evangelhos, ele certamente estaria numa luta pragmática se estivesse entre nós. Mas tendo ascendido, deixou-nos essa missão. Como o pastor que cuida de suas ovelhas por necessitar de sua carne e de sua lã, Cristo cuida de nós –  também – por ter-se tornado necessitado dos nossos braços e das nossas pernas, portanto, repito: sejamos corajosos e fortes no testemunho do Evangelho!
Breno H. S. Ricardo,

28/04/2015

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