quarta-feira, 19 de março de 2014

A GRAÇA QUE BRILHA COMO AS ESTRELAS


O sol acorda e vai-se espreguiçando. Estica os raios de leste a oeste, iluminando a terra. Indica às outras estrelas e à lua que é tempo de descanso. Por meio dele, Deus, como uma mãe, nos chama dizendo que é tempo de viver o Reino, promovendo o bem e a beleza da vida ao nosso próximo. Àqueles de sono mais pesado, Deus desperta com o alto canto dos pássaros que, animadamente, voam a procura de alimento para seus filhotes.

A humanidade, de pé, também busca alimento. Não somente o alimento do corpo, mas incessantemente busca alimentar também o espírito. Disse Jesus: “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Nós, da comunidade do Bom Samaritano, nos provemos da celebração eucarística, da reflexão sobre o Evangelho, da partilha da vida, das alegrias e das tristezas, todos os domingos, para renovar as forças e prosseguir engajados na transformação do mundo num lugar cheio de justiça e paz.

Durante esse tempo de quaresma, especialmente, temos nos preparado para a celebração da Paixão e Ressurreição de Cristo. Analisamos o quanto temos amado ao próximo com sinceridade, e, contritos, pedimos a Deus que a sua misericórdia flua como o vento que leva do jardim de nosso ser as folhas secas do desamor. A nossa irmã Ana Carmen compartilhou uma reflexão sobre a extensão e abundância da graça de Deus. Afinal, se pelo pecado de Adão a morte tornou-se inevitavelmente parte da vida, por meio da justiça de Cristo, a justificação alcançou todas as gentes, mesmo nos rincões da Terra.

Ela também rememorou-nos, a partir da leitura do Evangelho, que Jesus passou por diversas tentações enquanto esteve entre nós. Como ele resistiu, é bom que resistamos de modo a nos manter fiéis a Deus, porém é preciso ter sempre em mente que a graça divina já nos alcançou e por isso somos livres. Pecado é o desamor que oprime e cerceia a liberdade do próximo e a nossa própria. Infelizmente, várias vezes, limitamos em uma lista aquilo a que devemos resistir. Acabamos por nos abster da arte e da diversão; da contemplação da vida, da cultura e da natureza, coisas que Deus nos deu para nosso deleite.

Quaresma é tempo de contrição, oração, jejum e reflexão; tempo de se lembrar da misericórdia daquele que a doa interminavelmente, como das nascentes brotam puras águas; não tempo de se esquecer da graça abundante, gratuita e universal de Cristo e tentar se justificar por meio de proibições de ordem tão somente moralista.
Juiz de Fora, 13 de março de 2014
Breno Ricardo


Nenhum comentário:

Postar um comentário