As cadeiras formavam um círculo em torno da mesa
simples, ornada com um forro roxo sobre o qual uma toalha de renda branca
deitava-se belamente. Duas velas roxas, uma em cada ponta, acesas, remetiam a Jesus,
a Luz do mundo; as Sagradas Escrituras no centro, abertas, são o eterno
testemunho dos crentes que antes de nós viveram em Cristo. Tudo isso em um
quarto não muito grande, de uma casa média e igualmente singela. Na casa de
portões ainda fisicamente verdes, reunimo-nos com o coração cheio de
sentimentos intrínsecos às portas vermelhas dos primórdios da Igreja.
Tais sentimentos são de segurança e refúgio;
acolhimento, perdão e reconciliação. É o que o Espírito Santo nos traz quando,
deixando-nos a nós mesmos, abrimos o coração à sua ação. Nesse tempo de
quaresma, que iniciamos na quarta-feira 05 de março, com a celebração de um
ofício presidido pelo nosso ministro leigo, Julio Simões, refletimos sobre nós
mesmos e nossa posição em relação a Deus e ao próximo. É tempo de contrição e
penitência; mas mais que isso, de preparação para a redenção que há de vir!
O próprio Julio nos trouxe uma reflexão sobre o
Evangelho. Comentou acerca do modo de agir daqueles a quem Cristo chamou
hipócritas, que valorizavam-se a si mesmos, mostrando publicamente seus atos de
jejum e oração que, na verdade, não correspondiam a uma piedade espiritual.
Esclareceu-nos, assim, a importância de que os sinais externos estejam em
sintonia com os sentimentos internos.
Além disso, ele nos cotejou ao papel higiênico –
sim, pois, muitas vezes, deixamo-nos levar por um status que na realidade não
temos: perceba que nas compras o papel higiênico é um dos gêneros mais
cuidadosamente tratados, para que não amasse; depois, no banheiro, igualmente
tratamos de evitar a todo custo que ele se molhe e, por fim, quando é usado a
seu fim original... Cuidemos pois de, nesse tempo de quaresma, ainda mais que
em todos os outros, pensarmos sobre o que realmente temos sido e feito e se
isso condiz com o chamado cristão, que é o chamado ao amor.
Por fim, pusemos cinzas uns sobre as cabeças dos
outros em sinal de contrição, humildade e compromisso com o próximo, que é a
expressão do compromisso com Deus. Louvado seja!
Juiz de Fora, 13 de março de 2014
Breno Ricardo
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